Em meio a apresentações amadoristas em clubes e faculdades, levado por Paulinho Nogueira, Toquinho iniciou sua carreira durante os anos de 1964 e1965. O radialista Walter Silva tem tudo a ver com isso. Naquela época, Walter Silva apresentava na Rádio Record seu programa “Pick-up do Pica-pau”. Apresentava também na TV Record o programa “Hully-Bossa”, uma competição musical. De um lado, organizados por Eliana
Pittman, os que defendiam a descendência do rock, incluindo o Hully-gully, o twist, etc. Do outro lado, liderada por Walter Silva, a patota da Bossa Nova. Pois bem, foi nesse programa vespertino que Toquinho fez sua primeira aparição em televisão, ainda como artista amador, tocando “Consolação”, de Baden e Vinicius. Conhecera Walter Silva na casa de Paulinho Nogueira, e este sugerira ao apresentador que o introduzisse no tal programa.
Logo de cara, Walter apreciou a destreza de Toquinho, que passava a fazer parte de uma engenhosa colméia de iniciantes, tais como Chico Buarque, Elis Regina, Zimbo Trio, Marcos Valle, Bossa Jazz Trio, Tayguara, Ivete, Tuca, Geraldo Cunha, entre outros. Por várias circunstâncias, Walter Silva soube como agrupar essa turma promissora, aproveitar e expandir seus talentos.
Durante o ano de 1964,
A Bossa Nova encontraria, em São Paulo, um ninho acolhedor para se desenvolver: o Teatro Paramount. Nele se renovaria o vigor da música popular brasileira em meio aos shows que foram acontecendo, produzidos e dirigidos por Walter Silva. No palco daquele teatro nasceriam algumas carreiras, entre as quais, a de Toquinho. Em 16 de novembro, Walter Silva produziria o show “Mens Sana in corpore Samba”. A parte principal coube ao então já renomado conjunto de Menescal e Oscar Castro Neves, acompanhando Sylvinha Telles na apresentação do show que faziam na boate Zum-Zum, no Rio de Janeiro, produzido por Aloysio de Oliveira. Enquanto que a primeira parte ficou reservada à turma de aspirantes, os juvenis da música. Desta vez Toquinho foi escalado, junto com Chico Buarque, Tayguara, Maria Lúcia, Ivete, Tuca, Solano Ribeiro, Sérgio Augusto, Bossa Jazz Trio, Roberta Faro e Os Poligonais.
No que se refere a Toquinho, a atividade profissional passou a ser mais palpável e definida a partir
de um show realizado em São José do Rio Preto, quando recebeu seu primeiro cachê. “Lembro-me perfeitamente desse dia”, conta Toquinho. “Desde a atmosfera do ônibus, parecia uma viagem de estudantes. E ao mesmo tempo, eu via essa viagem como um marco real, uma passagem para outro estágio de atividade. Eu sentia dali, o primeiro passo concreto para o profissionalismo. Nem dormi direito na noite da véspera.
Eu era um amador, percebia a grande responsabilidade, mas tinha certeza que faria a coisa bem feita. Sempre tive muita confiança nisso, vivia só o prazer, não o peso da responsabilidade. Sentia uma enorme vontade de atuar, de mostrar que eu já tocava a ponto de solar e continuar a participar dos shows junto com aqueles profissionais. Foi um dia especialíssimo para mim, lembro-me de cada detalhe, da chegada do Oscar Castro Neves, de estar junto com meu professor Paulinho Nogueira, ao lado de Alaíde Costa.
Durante a viagem eu mudava de lugar no ônibus, ia me sentar com um, com outro. Era uma euforia total, fantástica. Esse dia, para mim, não só por ser amador e tocar junto com profissionais, ou por receber o primeiro cachê da minha vida, à parte tudo isso, esse dia representa claramente uma divisão, o início de uma outra etapa existencial, mesmo. Eu me via tomado por uma incrível sensação de vida. Uma energia de começo de carreira. Foi exatamente o que esse show significou”. A presença de Toquinho tornou-se constante nos shows subsequentes produzidos por Walter Silva, que entraram pelo ano de 1965, transformando-se inclusive em programa da TV Tupi, Canal 3, sob o nome de BO65.
